Dia: 20 de Maio, 2025

  • Origem do Sobrenome Martins: História, Linhagens e Judaísmo em Portugal e no Brasil

    Origem do Sobrenome Martins: História, Linhagens e Judaísmo em Portugal e no Brasil

    Introdução

    A origem do sobrenome Martins está profundamente enraizada na história peninsular, sendo um dos apelidos mais antigos e disseminados em Portugal. Em território português, o termo equivalente a “sobrenome” é apelido, referindo-se ao nome de família que acompanha o prenome. O apelido Martins possui origem patronímica e está associado a múltiplas linhagens — nobres, rurais e judaicas. Este artigo explora a origem e evolução do nome Martins em Portugal, a sua propagação no Brasil, as possíveis conexões com a comunidade judaica e as famílias mais relevantes que o ostentaram ao longo da história.


    1. A Origem do Sobrenome (Apelido) Martins em Portugal

    A origem do sobrenome Martins é patronímica, ou seja, deriva do nome próprio Martim ou Martinus (do latim), significando “filho de Martim”. Este tipo de construção era comum na Idade Média, em que o filho de um homem chamado Martim passava a ser conhecido como “Martins”. A terminação “-ins” indica descendência.

    No contexto português, o apelido Martins aparece já nos séculos XII e XIII, ligado a famílias da nobreza guerreira e cavaleiresca, muitas das quais participaram das campanhas de reconquista e povoamento do território.

    Em termos heráldicos, várias famílias Martins detêm brasões, variando conforme a linhagem. Um dos mais comuns apresenta:

    • Um campo de prata,

    • Uma cruz de vermelho,

    • E por vezes elementos militares como espadas, elmos ou leões.


    2. A Origem do Sobrenome Martins no Brasil

    A origem do sobrenome Martins no Brasil encontra-se nos movimentos de colonização portuguesa a partir do século XVI. O nome foi levado por colonos, militares, magistrados e religiosos, sendo registado desde os primeiros séculos da presença portuguesa no território.

    No Brasil, Martins tornou-se um dos apelidos mais frequentes, presente em todas as regiões do país. Além da transmissão por descendência direta, o nome também foi atribuído:

    • A cristãos-novos e libertos durante o processo de assimilação cultural,

    • A indígenas batizados no processo de catequização,

    • A populações afrodescendentes, através da prática de adoção de nomes dos senhores ou autoridades locais.

    A ampla disseminação do nome tornou-o comum e socialmente transversal, não estando vinculado exclusivamente a linhagens nobres.


    3. O Sobrenome Martins e os Judeus Sefarditas

    A origem do sobrenome Martins também está associada à presença de judeus sefarditas convertidos ao cristianismo em Portugal. Após os éditos de expulsão e conversão forçada em 1496, muitos judeus adotaram apelidos comuns ou patronímicos para ocultar sua identidade original e integrar-se à sociedade cristã.

    O apelido Martins era ideal para esse propósito:

    • Era comum, dificultando a associação direta com linhagens judaicas,

    • Possuía forma patronímica neutra, semelhante a nomes cristãos.

    Nos arquivos da Inquisição Portuguesa, encontram-se registos de cristãos-novos chamados Martins acusados de práticas judaizantes, especialmente em Lisboa, Évora e Coimbra.

    Hoje, o apelido Martins consta entre os nomes reconhecidos em listas de apelidos sefarditas usadas para processos de nacionalidade portuguesa por descendência de judeus sefarditas (Lei da Nacionalidade, artigo 1.º, n.º 1, alínea d), na redação da Lei n.º 30-A/2015).


    4. Famílias e Pessoas com o Apelido Martins na História de Portugal

    O apelido Martins esteve presente em várias figuras relevantes da história portuguesa. Entre as mais destacadas, citam-se:

    a) João Pedro Martins

    Militar e cavaleiro da corte de D. João I, distinguido nas campanhas de Aljubarrota e Ceuta. Está entre os primeiros a receber forais de terras no Minho.

    b) Frei Manuel Martins

    Religioso dominicano do século XVII, autor de tratados teológicos e defensor da autonomia eclesiástica portuguesa perante Roma.

    c) Augusto Martins Ferreira do Amaral

    Governador e administrador colonial no século XIX, com atuação relevante em Moçambique e Angola.

    d) Famílias Martins de Trás-os-Montes e Beira Alta

    Registadas em nobiliários como os de Felgueiras Gayo, várias destas famílias possuíam bens vinculados, brasões de armas e ligações com ordens militares, como a de Cristo e Santiago.


    Conclusão

    A origem do sobrenome Martins combina elementos históricos, religiosos e sociais que atravessam séculos de história em Portugal e no Brasil. Sendo um apelido patronímico de uso amplo, foi adotado por diferentes estratos sociais, incluindo famílias nobres, camponesas e judeus convertidos. Em Portugal, o termo correto para “sobrenome” é apelido, expressão que reforça a tradição genealógica e heráldica do nome.

    A pesquisa sobre o apelido Martins pode revelar conexões com linhagens medievais, processos inquisitoriais, migrações atlânticas e descendência sefardita. Trata-se, portanto, de um nome profundamente marcado pela complexidade histórica da Península Ibérica.

    Adriano Martins Pinheiro, advogado em Portugal

  • Origem do Sobrenome Pinheiro: História, Judaísmo e Personalidades em Portugal e no Brasil

    Origem do Sobrenome Pinheiro: História, Judaísmo e Personalidades em Portugal e no Brasil

    Introdução

    A origem do sobrenome Pinheiro remonta a Portugal medieval, tendo-se espalhado para o Brasil ao longo dos séculos. Em território português, a palavra “sobrenome” é tradicionalmente substituída pelo termo apelido, designando o nome de família ou de linhagem. O apelido Pinheiro tem raízes toponímicas e é também associado a judeus sefarditas convertidos ao cristianismo. Este artigo explora a história do sobrenome Pinheiro, sua presença em Portugal e no Brasil, e destaca famílias e figuras proeminentes com esse nome.


    1. A Origem do Sobrenome (Apelido) Pinheiro em Portugal

    A origem do sobrenome Pinheiro em Portugal está ligada à toponímia. O termo deriva da palavra “pinheiro”, árvore comum no território, simbolizando a ligação do portador a uma propriedade, floresta ou região onde predominavam esses elementos naturais.

    Na tradição portuguesa, o que no Brasil se chama “sobrenome” corresponde ao termo apelido. Assim, o apelido Pinheiro foi adotado por várias famílias, especialmente no norte de Portugal, como em Guimarães, Monção, Braga e Lafões. Algumas destas famílias chegaram a integrar a pequena nobreza rural.

    Heráldica:

    • Brasões de armas associados ao apelido Pinheiro geralmente contêm a imagem de um pinheiro em campo de prata, acompanhado por outros elementos heráldicos como torres ou cruzes.


    2. A Origem do Sobrenome Pinheiro no Brasil

    A origem do sobrenome Pinheiro no Brasil está fortemente associada à colonização portuguesa. A partir do século XVI, diversos indivíduos e famílias com o apelido Pinheiro emigraram para o Brasil. Este sobrenome foi transmitido a descendentes diretos, mas também adotado por libertos, indígenas cristianizados e outros grupos durante o período colonial.

    No Brasil, o uso do sobrenome Pinheiro nem sempre indica ligação direta a uma mesma família portuguesa, uma vez que ele foi amplamente difundido e socialmente atribuído em diferentes contextos.


    3. O Sobrenome Pinheiro e os Judeus Sefarditas

    A origem do sobrenome Pinheiro também está relacionada a famílias judaicas sefarditas em Portugal, especialmente após a conversão forçada dos judeus no final do século XV. Após o decreto de expulsão de 1496, muitos judeus convertidos ao cristianismo — os chamados cristãos-novos — adotaram apelidos comuns e naturais, entre os quais “Pinheiro” se destaca.

    Registos da Inquisição Portuguesa evidenciam a presença de indivíduos com o apelido Pinheiro acusados de práticas judaizantes. Por este motivo, o nome é reconhecido entre os apelidos com potencial origem sefardita, podendo ser utilizado em processos de nacionalidade portuguesa por descendência sefardita.


    4. Famílias e Pessoas com o Apelido Pinheiro na História de Portugal

    Diversas personalidades históricas com o apelido Pinheiro tiveram destaque em Portugal:

    • Frei João Pinheiro: Bispo de Viseu no século XVI, figura de destaque nos debates eclesiásticos sob D. João III.

    • António José Pinheiro: Deputado liberal no século XIX, defensor da reforma administrativa do Estado.

    • José Pinheiro de Azevedo: Primeiro-Ministro de Portugal (1975–1976), durante o período revolucionário pós-25 de Abril.

    • Famílias do Minho: Linhagens Pinheiro de Braga e Trás-os-Montes documentadas em nobiliários e registos senhoriais.


    Conclusão

    A origem do sobrenome Pinheiro é complexa e multifacetada. De raiz toponímica, o apelido Pinheiro simboliza ligação à terra, mas também a processos históricos profundos como a diáspora judaica e a colonização luso-brasileira. Em Portugal, o termo correto é apelido, sendo equivalente ao “sobrenome” no Brasil. Hoje, o nome Pinheiro é comum em ambos os países e continua a suscitar interesse genealógico, histórico e identitário.

    Se procura saber mais sobre a origem da sua família ou iniciar um processo de nacionalidade, a investigação do apelido Pinheiro pode revelar muito mais do que aparenta.

    Adriano Martins Pinheiro, advogado e escritor